A previsão é que o Drex somente estará disponível para o público no término de 2024.
Real digital Compreenda a natureza e o funcionamento do real digital
No dia 7 desta segunda-feira, a versão digital do real deu mais um passo em direção à sua concretização.
O Banco Central (BC) revelou que a moeda digital brasileira será denominada Drex.
Após passar por uma fase de testes desde março, com as primeiras operações simuladas agendadas para setembro, o real digital almeja ampliar as oportunidades de negócios e fomentar a inclusão financeira, tudo dentro de um ambiente seguro com risco mínimo de fraudes.
De acordo com o Banco Central, a intenção é que o Drex seja aplicado no âmbito do atacado em serviços financeiros, funcionando à semelhança do Pix – o sistema de transferências instantâneas estabelecido desde 2020 – para grandes montantes e com várias finalidades. Para enviar dinheiro, o consumidor deverá converter reais em Drex, e para receber dinheiro, o processo será invertido.
Conheça a operação da nova moeda digital oficial do país:
O que é o Drex? Também denominado como real digital, o Drex funcionará como uma variante eletrônica do papel-moeda, utilizando a tecnologia blockchain, a mesma empregada em criptomoedas. Enquadrado como uma Central Bank Digital Currency (CBDC, sigla em inglês para Moeda Digital de Banco Central), esta ferramenta terá seu valor garantido pela autoridade monetária, estabelecendo uma equivalência de 1 Drex para cada R$ 1.
O blockchain, tido como invulnerável a ataques de hackers, é descrito como um tipo de banco de dados ou registro contábil, onde dados são inseridos e transmitidos de maneira segura, rápida e transparente. Desprovido de controle central, esta tecnologia opera como uma sequência de blocos criptografados, com cada elo sendo fechado após um determinado período de tempo. A impossibilidade de modificar ou remover informações se dá porque todos os blocos estão interligados por senhas criptografadas.
Quais as diferenças em relação a outras criptomoedas? Criptomoedas obedecem às leis de oferta e demanda, com seu valor flutuando diariamente, similar ao comportamento das ações de uma empresa. Isentas das garantias de bancos centrais e governos, as cotações das criptomoedas variam significativamente, podendo resultar em perdas substanciais de valor em um curto período de tempo.
Atrelado às moedas oficiais, o CBDC oscila de acordo com a taxa diária de câmbio, determinada pelos fundamentos e políticas econômicas de cada nação. Entretanto, esta taxa de câmbio apenas desempenha um papel nas transações entre países distintos. Para transações domésticas, o Drex terá o mesmo valor que o papel-moeda.
Outra diferença em relação às criptomoedas é o sistema de produção. Enquanto moedas virtuais como Bitcoin e Ethereum podem ser “mineradas” através da resolução de algoritmos em um computador, demandando alta demanda de energia, o Drex será produzido pelo Banco Central, mantendo paridade com o real.
Quais são as diferenças entre o Drex e o Pix?
Apesar de ser consideravelmente semelhante ao Pix, permitindo pagamentos instantâneos entre instituições financeiras distintas, o Drex opera de forma distinta. No Pix, as transferências ocorrem em reais, sujeitas a limites de segurança estabelecidos pelo Banco Central e pelas instituições financeiras. Já no Drex, as transferências utilizarão a tecnologia blockchain, a mesma empregada em criptomoedas, permitindo transações com valores mais elevados.
Quais são os serviços que podem ser realizados com o Drex?
Um amplo espectro de serviços financeiros, incluindo transferências, pagamentos e até mesmo a aquisição de títulos públicos. Consórcios autorizados pelo Banco Central poderão expandir as possibilidades, como o pagamento instantâneo de parcelas de imóveis, veículos e até benefícios sociais, conforme anunciado pelo consórcio formado pela Caixa Econômica Federal, Microsoft do Brasil e Elo, uma bandeira de cartões de crédito.
O Drex possibilitará o emprego de contratos inteligentes.
Na venda de um veículo, por exemplo, não haverá debate sobre se o comprador deve depositar antes de receber o bem, ou se o vendedor precisa transferir a documentação antes de receber o dinheiro. Todo o processo será executado instantaneamente por meio de um contrato automatizado, reduzindo os custos burocráticos e intermediários, acelerando as operações.
Como se dará o acesso ao Drex?
Previsto para ser lançado ao público no final de 2024 ou início de 2025, o Drex operará apenas como uma moeda de atacado, sendo trocado entre instituições financeiras. Os clientes poderão conduzir transações utilizando a moeda digital, porém, não terão acesso direto a ela, operando por meio de carteiras virtuais.
O processo ocorrerá da seguinte maneira: em primeiro lugar, o cliente (seja pessoa física ou empresa) deverá depositar a quantia desejada em reais em uma carteira virtual, que então converterá a moeda física em Drex, na proporção de R$ 1 para 1 Drex. Estas carteiras serão administradas por bancos, fintechs, cooperativas, corretoras e outras instituições financeiras, sob supervisão do Banco Central. Conforme a evolução da tecnologia, novos tipos de empresas com carteiras virtuais poderão surgir.
Após a tokenização (a transformação de ativos reais em ativos digitais), o cliente poderá transferir a moeda digital utilizando a tecnologia blockchain. A conversão dos Drex em reais e a retirada ficarão a cargo do destinatário.
Tokenização pode ser definida como a representação digital de um bem ou produto financeiro, facilitando negociações em ambientes virtuais. Por meio de uma série de códigos, requisitos e processos de identificação, ativos (ou frações deles) podem ser comprados e vendidos em ambientes virtuais.
No mês de março, o Banco Central optou pela plataforma Hyperledger Besu para conduzir os testes envolvendo uma variedade de ativos de diferentes tipos e características. Esta plataforma se destaca por seus baixos custos de licença e royalties de tecnologia devido ao seu caráter de código aberto (open source).

© Marcello Casal Jr Agência Brasil
Já em junho, o Banco Central selecionou 16 consórcios para participar do projeto-piloto. O Comitê Executivo de Gestão escolheu essas entidades para desenvolver os sistemas que serão integrados ao Hyperledger Besu, além de elaborar produtos financeiros e soluções tecnológicas. Você pode encontrar a lista completa das organizações escolhidas no website do Banco Central.
Com previsão de início para setembro, os testes com os consórcios serão realizados por meio de operações simuladas.
O objetivo é avaliar a segurança e a eficiência na interação entre o real digital e os depósitos tokenizados das instituições financeiras.
O processo de teste se dividirá em etapas, e atividades planejadas estão agendadas até, no mínimo, fevereiro do próximo ano, quando operações simuladas envolvendo títulos do Tesouro Nacional serão conduzidas.